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A importância do conhecimento sobre Feridas para Auditores

O tratamento de feridas corresponde a uma boa parcela de gastos das Operadoras de Saúde. Vale lembrar que dados epidemiológicos nos permitem classificar feridas como um verdadeiro problema de saúde pública mundial.


Estima-se que de um a dois por cento da população tenha úlceras venosas e que de dez a quinze por cento dos pacientes diabéticos possuem uma ferida no pé.


Além desses dados epidemiológicos podemos citar outras inúmeras causas de feridas: queimaduras, lesões por pressão, feridas traumáticas e feridas oncológicas. Embora poucos dados reais, estima-se que no Brasil existam 8 milhões de pessoas com um ferimento na pele e vivenciamos essa alta demanda diariamente na Doutor Feridas.


Mesmo com esse cenário e com o avanço das tecnologias para tratamento de feridas, ainda podemos identificar uma alta morbidade relacionada a feridas crônicas. Pacientes com úlceras venosas permanecem longos períodos de tempo com suas feridas.


Em meu consultório, embora não atenda operadoras, possuo uma grande quantidade de pacientes que me procuram que possuem convênios. Geralmente por estarem insatisfeitos com a resolutividade dos profissionais que os atendem.


O que eu percebo é que ainda existem muitas condutas equivocadas relacionadas a escolha da terapia tópica por profissionais. Recentemente fui convidado por uma grande operadora de saúde a promover um treinamento para seus auditores. Esse treinamento visava capacitar auditores a identificarem possíveis erros de condutas e prescrição, sobretudo para terapias de custo elevado como Terapia por Pressão Negativa e uso de Matrizes Dérmicas.


Desde então venho estudando o tema e identificado a importância desse conhecimento para auditores. Conhecimento esse, compilado neste guia completo.


Boa leitura!




O auditor precisa ser um especialista em feridas?

Não necessariamente, mas precisa ter um conhecimento básico a fim de poder agir com segurança nos questionamentos sobre condutas e prescrições. Esse conhecimento pode ser adquirido em bons cursos de atualização presentes no mercado com complementação por leituras específicas.


Como o auditor pode identificar um bom curso de feridas que possa ajudá-lo?

O primeiro ponto é a avaliação da ementa do curso e do currículo do profissional que irá ministrá-lo. Uma boa ementa precisa ter uma sequência linear de construção de conhecimento, partindo de conceitos básicos e ir avançando ao longo da trajetória do curso.


Em relação ao ministrante, deve se estar atento a sua trajetória profissional, seja na sua formação técnica como na sua vivência prática. Essa vivência prática precisa ser muito valorizada.


Pois muito além da teoria adquirida na academia, o profissional precisa ter aplicabilidade dos conceitos aprendidos. E isso só é adquirido com vivência prática em serviços especializados ou no próprio consultório.


Quais os principais temas relacionados a feridas o Auditor precisa estudar?

Além de um vasto conhecimento sobre as terapias tópicas, acredito que as terapias adjuvantes e as tecnologias mais avançadas precisam ser priorizadas.


Saber identificar as indicações e contra indicações de terapia por pressão negativa, medicina hiperbárica e matrizes dérmicas podem contribuir para contestar de forma mais segura os procedimentos e tratamentos mais indicados.


Em minha vivência, por exemplo, já identifiquei um paciente que tinha gerado um custo de mais de um milhão de reais com terapia por pressão negativa e que não possuía indicação, uma vez que tinha uma fístula intestinal drenando pela ferida.


Além de perpetuar a fístula, a presença de fezes no leito da ferida acaba contribuindo para aumentar o quadro infeccioso e gerar trocas frequentes de todo o sistema.


Quais as principais Sociedades que lidam com o tema tratamento de feridas


No Brasil temos as Sociedades:

Sobest (Associação Brasileira de Estomaterapia

SOBENDE: Sociedade Brasileira de Enfermagem em Dermatologia

SOBENFEE: Sociedade Brasileira de Enfermagem em Feridas e Estética

SOBRATAFE: Sociedade Brasileira de Tratamento Indicações incorretas de tratamento, principalmente Terapia por Pressão Negativa

1) Trocas frequentes de coberturas que poderiam permanecer maior tempo no leito da ferida.

2) Falta de registros da troca de coberturas que justifiquem os gastos cobrados.

3) Cobranças indevidas de materiais não utilizados e não condizentes com o procedimento executado.

4) Discrepância entre relatórios e evoluções e material cobrado.



Cabe ressaltar que a atuação do auditor em qualquer circunstância não é meramente punitiva. Ele é um agente que visa manter as condutas prestadas aos pacientes dentro daquilo que a operadora considera dentro da prática médica baseada em evidência.

Nesse sentido, sua atuação segura e firme de conhecimento tem benefício até mesmo para a equipe que assiste ao processo de auditoria em sistemas de saúde, tendo a função de analisar se a gestão e procedimentos realizados em uma instituição de saúde estão em conformidade com objetivos da organização, legislação, normas regulatórias e serviços de saúde prestados ao paciente, considerando os protocolos assistenciais e as boas práticas médicas.


A troca mútua de conhecimento entre as partes pode dirimir questões importantes no tratamento de pacientes. Dessa forma a busca pelo conhecimento não só em tratamento de feridas mas em qualquer área que envolva a atuação do auditor é importante.


Quais Principais coberturas existentes para tratamento de feridas e seus mecanismos de ação:


Coberturas Utilizadas para Absorção de Exsudato

1) Alginato de Cálcio: Absorção, Hemostasia e Formação de um gel úmido no leito da ferida

2) Hidrofibras: Absorção de exsudato e formação de gel

3) Espumas de Poliuretano: Absorção de Exsudato.


Coberturas Utilizadas para Tratamento de Infecção:

● Coberturas associadas com prata: alginato, espumas, hidrofibras, carvão ativado, matrizes

● Coberturas e produtos associados com Polihexanida: Gel, Gaze, Curativo não aderente, soluções líquidas para limpeza da ferida

● Coberturas associadas com Dialquil Carbonila (DAAC): espumas, curativos não aderentes.


Coberturas que promovem hidratação na lesão:

● Hidrogéis

● Hidrocolóides.

● Curativos não aderentes impregnados: AGE, Parafina, Petrolatum.


Matrizes:

● Matriz TCL

● Matriz Extracelular

● Matrizes Dérmicas.


Dispositivos para melhora do retorno venoso:

● Bota de Unna: promove compressão inelástica ao mesmo tempo que trata a ferida topicamente, tem na sua formulação óxido de zinco, gelatina e glicerina.

● Faixa Elástica de uma camada.

● Sistema Elástico de Multicamadas.

● Dispositivos de velcro.


Tratamentos Adjuvantes para acelerar a cicatrização:

● Laserterapia: Age acelerando a cicatrização e diminuindo a dor no leito da ferida

● Ozonioterapia: ainda sem aprovação junto ao Conselho Federal de Medicina, porém estudos são promissores

● Terapia Fotodinâmica: associação de laserterapia com azul de metileno usado no combate a infecções

● Oxigenioterapia hiperbárica

● Terapia por Pressão Negativa: promove contração das bordas, macro e micro deformação, remoção do excesso de exsudato e formação de vasos sanguíneos


Obrigado por ler esse artigo, espero que tenha contribuído para o seu crescimento profissional, ampliando ainda mais seu conhecimento.



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